Com frequência falamos dessa temática, quer seja em sala de aulas, quer seja em treinamentos: a (divertida) saga do Selecionador no desempenho de sua atividade. Eu mesma tenho vários casos, no mínimo, interessantes. Um sem número de vezes nos defrontamos com profissionais que, na tentativa de impressionar o(s) selecionador(es), acabam “ferindo” as normas da boa comunicação e do bom senso.
Certa vez, ao questionar um candidato sobre sua disponibilidade para atuar em turnos extraordinários, que incluiriam finais de semana, ele me respondeu com toda a segurança do mundo:
“Acredito que nesse meu segmento de atuação, trabalhar fora do horário são OSSOS DO OFÍDIO”.
O detalhe é que tal candidato concorria à uma posição de nível gerencial e possuía uma formação acadêmica minimamente adequada à vaga.
Há algum tempo, localizei um artigo veiculado há muitos anos atrás pela revista Exame que comentava as principais “pérolas” que os selecionadores encontraram. Alguns exemplos são muito distantes da realidade, nos fazendo imaginar como alguém pode, em sã consciência, referir tal impropério? Algumas referências podem até parecer que foram extraídas de um quadro de humor. Outros exemplos são bastante comuns e frequentemente são mencionados até mesmo no nosso dia a dia.
Acompanhe a publicação da revista Exame, à época:
“Selecionador– Como você está na questão das línguas estrangeiras?
Candidato – Tenho português básico. “
“Selecionador – Qual curso universitário você deseja fazer?
Candidato – Ah, to pensando em Nutrição, Letras ou Engenharia. “
“Selecionador – Então, você está construindo um Networking?
Candidato – Veja bem, eu não sou engenheiro, sou administrador.”
“Selecionador – Como você administra a pressão?
Candidato – Ah, tranquilo. 11 por 7, no máximo 12 por 8.”
“Selecionador – Manter sempre o foco é muito importante. E me parece que você tem alguns lapsos de concentração.
Candidato – O senhor poderia repetir a pergunta?”
“Selecionador – Como você se sente trabalhando em equipe?
Candidato – Bom, desde que não tenha gente dando palpite, me sinto muito bem.”
“Selecionador – Como você se definiria em termos de flexibilidade?
Candidato – Ah, eu faço academia. Sou capaz de encostar o cotovelo na nuca.”
“Selecionador – Nós somos uma empresa que nunca para de perseguir objetivos.
Candidato – Que ótimo. E já conseguiram prender algum?”
“Selecionador – Vejo que você demonstra uma tendência para discordar.
Candidato – Muito pelo contrário.”
“Selecionador – Em sua opinião, quais seriam os atributos de um bom líder?
Candidato – Ah, são várias coisas. Mas a principal é ter liderança.”
“Selecionador – Noto que você não mencionou a sua idade aqui no currículo.
Candidato – É que eu uso óculos, e isso me faz parecer mais velho.”
“Selecionador – E qual é a sua idade?
Candidato – Com óculos ou sem óculos?”
“Selecionador – Quais seriam seus pontos fracos?
Candidato – Ah, é o joelho. Até tive de parar de jogar futebol.”
“Selecionador – Há alguma pergunta que você queria me fazer?
Candidato – Eu parei meu carro lá na rua. Será que eu vou ser multado? “
“Selecionador – Por que, dentre tantos candidatos, nós deveríamos contratá-lo?
Candidato – Eu pensei que responder a isto fosse seu trabalho.”
“Selecionador – Como você pode contribuir para melhorar nosso ambiente de trabalho?
Candidato – Bem, eu começaria trocando a recepcionista, que é muito feia.”
“Selecionador – Várias pessoas que se sentaram aí nessa mesma cadeira hoje são gerentes.
Candidato – Puxa, o fabricante da cadeira vai ficar muito feliz em saber disso.”
“Selecionador – Quando digo ‘Sucesso’, qual a primeira palavra que lhe vem à mente?
Candidato – Pode ser duas palavras?
Selecionador – Pode.
Candidato – Milho. Nário.”
Observem que essa competência da fluência verbal é importantíssima e, inclusive, faz parte das Múltiplas Inteligências, que precisam ser investigadas durante um processo seletivo.
Então vale a reflexão tanto para Candidatos como Selecionadores. Concordam?
Boa semana e até a próxima.