Ao debater com colegas da área de Recursos Humanos – em especial com os que atuam em Recrutamento e Seleção de profissionais – sobre a maior dificuldade enfrentada na captação de mão de obra, o que mais se constata é a questão da postura comportamental dos candidatos.
É fato, mais que sabido por todos, que a mão de obra capacitada e especializada deve ser captada no mercado de trabalho com uma lente de aumento, tal a dificuldade em se encontrar algum profissional que reúna 100% das competências técnicas necessárias a uma oportunidade de trabalho da Organização, ainda mais nesse cenário onde há muitos profissionais não alocados ou mesmo sendo demitidos.
Mas, a grande verdade é que a capacitação técnica pode ser treinada e disponibilizada para o novo colaborador, porém o preparo emocional e comportamental envolve muitas outras habilidades em diversas esferas, inclusive a do núcleo familiar. E esse quesito em especial, lamentavelmente, não pode ser conduzido pela Organização.
A competência emocional, para muitos selecionadores vem sendo o ponto número um, o diferencial entre um candidato adequado ou não a uma posição. Quem acompanha nossos artigos já me viu referenciar coisas do tipo: “lamento mas não pude me preparar para essa apresentação porque estou em semana de provas na faculdade”. Ora, não se candidatou à posição? E o comprometimento que deveria ser integral no processo seletivo, como fica?
Para os alunos em formação técnica que tive o prazer de orientar, mesmo quando estavam sendo preparados para o primeiro emprego/estágio, passava as seguintes orientações que penso serem pontos imprescindíveis durante um processo seletivo:
- Cuidados pessoais em ordem – cabelos, unhas, roupas limpas etc. e detalhes como profundidade de decote, rasgos “estratégicos” nos joelhos das calças, entre outras situações.
- Menção sucinta sobre as qualificações pessoais e profissionais no Curriculum Vitae – não precisa escrever uma autobiografia com várias páginas;
- Atenção à Inteligência Emocional – reações extremadas, como tremedeiras, choros descabidos, risos descabidos e fora de contexto ou ações/reações agressivas etc.;
- Cuidado com o português – “ossos do ofídio” ao invés de ossos do ofício, “ressalsa” ao invés de ressalva, “obsessão” ao invés de observação etc. Pode parecer engraçado, mas já passei por esse constrangimento. Se não sabe falar alguma expressão, melhor substituí-la por outra similar.
- Perguntas descabidas ou inapropriadas, como por exemplo: “Aqui se emenda feriados?” ou ainda “Qual o valor da Cesta de Natal?”, ou aproveitando a época de Festas: você emendam Natal e Ano Novo? Estou pagando um Cruzeiro e preciso voltar ao trabalho dia 10 de janeiro.
Essas e outras orientações são básicas, mas que muitos acham exageradas. Porém, não há exagero quando ouvimos altos executivos referenciando que “ATÉ CONTRATAM PELO LADO TÉCNICO” do profissional, mas, em 100% dos casos o DEMITEM PELO LADO COMPORTAMENTAL não alinhado com a Empresa.
Parece impossível de acontecer?
Infelizmente as colocações acima são mais comuns do que parecem. Há tirinhas e mais tirinhas sendo amplamente divulgadas nas redes sociais, que fazem alusões bem humoradas a essa, praticamente, intransponível barreira enfrentada, diariamente, por todos os profissionais da área de RH.
Decotes profundos e comprimentos diminutos, perfumes exagerados, postura arrogante e inapropriada, chicletes na boca, falta de higiene e perguntas inapropriadas muitas vezes podem encerrar uma carreira, que sequer se iniciou.
Até a próxima.
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