Outro dia, um colaborador de uma empresa cliente me perguntou à queima roupa exatamente isso: “Onde eu consigo essa tal de Motivação? ”
De imediato, me veio à mente uma série de questionamentos sobre como as pessoas realmente entendem esse conceito. Muito rapidamente, lembrando de alguns processos demissionais conduzidos durante a carreira, lembrei-me também da expressão favorita de um empregado demissionário: “eu ando desmotivado”.
Esse é um dos conceitos, dentro da Gestão de Pessoas, mais difíceis de entender e consequentemente de explicar. Afinal: o que é motivação?
Se pesquisarmos o significado textual da palavra, encontraremos que motivação “é um processo que envolve fenômenos emocionais, biológicos e sociais, responsável por iniciar, direcionar e manter comportamentos relacionados com o cumprimento de objetivos”. Isto quer dizer que para se motivar para algo, primeiro é necessário saber o que se quer, é preciso ter um MOTIVO para a AÇÃO.
Faz sentido?
Na grande maioria dos casos, onde o indivíduo refere “falta de motivação”, percebemos que o que realmente não está claro é o objetivo a ser alcançado. Quando iniciamos um curso ou treinamento, se questionamos o motivo que trouxe o aluno ou treinando àquele evento, conseguimos praticamente ver a dúvida interna, exteriorizada na fisionomia desse indivíduo. Em alguns treinamentos, inclusive, inicio os trabalhos explicando justamente o que chamo de Polinômio do Relacionamento Interpessoal:
OQCQ – que traduzindo teremos O QUE CE QUÉ.
Obviamente é uma metáfora divertida para explicar que o primeiro passo de qualquer capacitação ou projeto de vida ou grande mudança de vida como trocar de carreira ou de país, certamente, é descobrir o MOTIVO que pode gerar a AÇÃO. Sendo assim, fica muito fácil entender que motivação não se compra, não se acha como um prêmio concedido por um gênio e que muito possivelmente também não surgirá como uma premiação dos deuses.
Ilude-se quem acredita que só terá motivação quem tem um bom salário, ou quem está posicionado em uma empresa que “promove a motivação de seu empregado” ou mesmo quem espera o futuro para se motivar. Essas afirmações são as maiores balelas que já ouvi.
O processo motivacional acontecerá sempre, reforço, SEMPRE, de dentro para fora. Deixe-me exemplificar para ficar mais alinhada com o tema. Recentemente auxiliei um cliente na busca de profissionais trainees. O foco desse meu cliente era encontrar entre os mais de 1.500 perfis profissionais recebidos (isso mesmo, 1.500), quais se adequariam à cultura da empresa e ao atingimento de suas metas.
Obviamente a ideia era a de encontrar os talentos com um maior potencial de assertividade para contribuir com o Negócio da Organização. Até aqui, nenhuma novidade.
Meu cliente realizou a triagem dos perfis, separando os trinta melhores perfis técnicos para a posição. Eles utilizaram critérios como conhecimento de mais de dois idiomas (fora o português), formação acadêmica em instituição de ponta e renome, vivência no exterior, entre outros mais específicos que não vem ao caso referir nesse artigo.
O fato é que a empresa esperava uma avaliação comportamental de cada um dos trinta profissionais em formação pré-selecionados.
Propus um dia de vivência com o apoio de quatro profissionais do corpo diretivo da empresa, com a aplicação de dinâmicas comportamentais e de instrumentos de avaliação de competências para que pudéssemos avalia-los em diversas situações propostas e que se assemelhavam com situações reais da empresa.
Ao convidar cada um dos candidatos, solicitei que todos viessem preparados para uma apresentação pessoal, onde eles pudessem referir suas forças e seus pontos de melhoria. Sugeri que eles poderiam se utilizar de quaisquer recursos audiovisuais, pois teríamos a disposição todo o equipamento multimídia para suporte.
Incrivelmente dos 30 candidatos retirados daquele universo de 1.500, 3 faltaram, mesmo havendo assegurado a participação quando confirmamos as presenças. Dos 27 que vieram, dois não trouxeram nenhuma forma de apresentação, atendo-se apenas a expor verbalmente algo como “meu nome é, sou solteiro, curso tal”. A candidata que mais me chamou a atenção foi uma moça que ao ser convidada para apresentar-se, nos comunicou calmamente: “puxa, essa foi uma semana muito difícil porque estou em provas na faculdade e eu não tive tempo de preparar nada. ”
Realmente fiquei boquiaberta, pois ao candidatar-se à posição, minimamente espera-se que houvesse certa (senão total) motivação em contribuir com a organização. Como que, real e verdadeiramente, se espera conduzir uma vida profissional de sucesso com tal postura, com tal ausência completa de saber de verdade o que se quer para a vida?
Movimento em busca de um objetivo que represente algo que realmente queremos é a única forma de se sentir motivado sempre.
Que tal começar pelo começo e descobrir OQCQ?
Fica a reflexão!!
Até a próxima.