É, a frase parece estranha, mas atualmente, mesmo frente a um cenário corporativo considerado em crise, se analisarmos as ações de desligamento das empresas, em especial quando estamos falando de jovens profissionais, o que está impulsionando parte dos processos desses desligamentos é a demissão sendo aplicada ao Líder, ao Chefe, ao Gerente.
Notem que aqui não me refiro ao processo até permitido pela legislação trabalhista vigente, que considera que o empregado “demita” sua empresa. Não me refiro à empresa, à Organização. O processo demissional aqui é direcionado exclusivamente às chefias.
O fato é que, em minha opinião, o corpo diretivo das organizações não se preparou para essa nova população de jovens profissionais, cujas aspirações pessoais e de carreira são muito, mas muito diferentes das que moviam os profissionais de um passado não tão distante.
Essa nova leva de profissionais que está atuando no mercado, tem um compromisso muito forte com a transparência e coerência nas ações de seus líderes. Nada desestimula mais um jovem profissional do que o famoso jargão do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Quantas empresas adotam tratativas de recompensas paliativas, visando a retenção desses jovens talentos em suas organizações. Outro dia, conversando com um empresário, fundador de uma empresa cliente de certo porte, me surpreendi com colocações do tipo “colocar a cenoura na frente”, “fazer correr atrás”, “eles deviam é me agradecer pela oportunidade, porque no meu tempo bla bla”, quando estávamos conversando sobre seus jovens talentos e uma maneira de torna-los engajados.
Recentemente escrevi sobre esse tema, ENGAJAMENTO, aqui mesmo em nosso site, justamente porque naquela oportunidade estava sendo sondada por alguns clientes para tratar desse tema.
Penso que a população mais jovem, que está recém inserida no mercado do trabalho, precisa de mais do que um “correr atrás. Na sua maioria, eles correm é na frente, pois estão sempre a um ou dois passos à frente na sua carreira. As próprias empresas admiram a competência da proatividade, desde que essa característica não interfira na forma de gerir o negócio. Ou seja, quer que os jovens profissionais “vistam a camisa”, sejam engajados ao negócio, mas esqueçam seus anseios e projetos. E isso é utopia, impossível de acontecer.
Na verdade, esses profissionais buscam as empresas justamente para se alinhar com a sua missão de vida. Hoje já não se aceita uma posição de trabalho somente pela questão financeira. O jovem quer saber quem serão seu superiores, seus pares, seus possíveis subordinados e, o mais importante, qual é maneira dessas pessoas se relacionarem com sua posição profissional.
É possível que alguns gestores já tenham se apercebido que a formação de sucessores é uma das mais fundamentais e importantes missões das lideranças. Em um cenário tão dinâmico e competitivo, onde os desafios são lançados com a velocidade da luz, e mais, onde cada profissional tem que lidar com a busca incessante de inovações com total foco em resultados, não há mais espaço para incoerências e posturas arcaicas.
Ou nos conscientizamos dessa realidade ou essa tendência de colaboradores demitindo suas lideranças, que a princípio, em uma análise fria, pode parecer uma inversão de papéis, se tornará cada dia mais frequente e presente.
Vale a reflexão, quer você seja o jovem profissional, quer você seja a liderança.
Até a próxima!