Catalepsia é o termo utilizado para definir uma doença rara onde os membros da pessoa se tornam rígidos e ocasionam ausência temporária de movimentos. A imobilidade é temporária, mas os estragos podiam ser permanentes. A pessoa acometida por esse mal pode permanecer na posição em que é colocada, como se fosse um boneco de cera ou manequim de loja, sem expressar um único movimento motor ou de emoção. No passado existiram vários casos de pessoas que foram enterradas vivas quando, na verdade, estavam passando por um estado cataléptico.
Em algumas dessas situações, acreditava-se que os que “reviviam”, o faziam por milagre divino ou por magia negra. Hoje, com toda tecnologia e equipamentos médicos à disposição, existem formas de identificar os sinais vitais da pessoa que permitem ou não atestar o óbito. Embora seja uma condição transitória, às vezes pode durar vários dias e, até mesmo, semanas.
Criando uma analogia, podemos trazer essa patologia ao atual mundo corporativo. É comum identificar “Empresas Catalépticas”, que não se esforçam para mudar, embora percebam tudo o que acontece à sua volta, deixando que essa ótica distorcida as tornem imobilizadas, muitas vezes, até por anos.
Constatamos essa situação em organizações de todos os portes e segmentos, do pequeno varejo à grande indústria, de empresas familiares às corporações de capital aberto.
A grande maioria delas está no rol de empresas que permanecem na zona de acomodação da aceitação mediana num “desempenho medíocre”, certamente provocado pelo efeito “deixa a vida me levar”.
Acredito que em 90% dos casos que conheço, essa é uma vivência imposta pelo capital humano que integra essas organizações. À semelhança do que acontece na patologia clínica onde, em estado cataléptico, o indivíduo fica consciente de tudo o que acontece ao seu redor, mas, por ter suas funções vitais desaceleradas, não consegue reagir fisicamente, também observamos o mesmo comportamento nas empresas: sabem que estão estagnados, mas não se movimentam para sair desse estado, sem conseguirem esboçar qualquer reação.
O que aflige igualmente é saber que a informação circunda em abundância trazendo todos os fatos econômicos, políticos, sociais, culturais ou tecnológicos, com disponibilidade quase que integral pois ficam à disposição todos os dias, durante as 24 horas.
Sendo assim o famoso jargão do “Eu não sabia” já não é mais admissível. O autoengano, afirmando não saber de nada ou que não se podia perceber a situação não é mais uma saída para gestores de empresas catalépticas.
Para tudo existe técnica e atualmente há um sem número de métodos e ferramentas de análise e diagnóstico para todas as situações corporativas imagináveis.
Em uma palestra no HSM Expomanagement, o consultor Vicente Falconi afirmou que “a empresa tem de, necessariamente, sair do território que lhe é familiar e entrar no desconhecido, tratando-o, primeiro, como mera hipótese. Isso gera medo nas pessoas, especialmente em uma cultura avessa a riscos como a brasileira”.
Nesse mesmo evento, outro consultor, Bill George, afirmou que “o mundo atual e as empresas estão sofrendo fortes rupturas. E isso deve melhorar os profissionais e as empresas, tornando-os mais humanos e, principalmente, mais resilientes”.
A CEO da IBM, Ginni Rometty, considerada a executiva mais poderosa do mundo, alertou: “as organizações terão de migrar os paradigmas da empresa eficiente para os da empresa inteligente, que cria valor continuamente – o que significa criar produtos e serviços que não se pareçam com nada que existia antes – e que inspira confiança”.
Recentemente li um artigo que se referia aos avanços comerciais das organizações no mundo atual. Dizia o artigo “o mundo atual não admite mais empresas ou profissionais catalépticos e avanços tecnológicos têm transformado esses perfis organizacionais em dinossauros que, se já não estão extintos, são fósseis que se esqueceram de deitar”.
Porque não ampliar essa incrível percepção às nossas carreiras? Será que não chegou a hora de parar de se refugiar nos jargões comuns como a flutuação do dólar, irregularidades econômicas ou qualquer outra situação externa? É mandatório abandonar a “síndrome do coitadinho”.
Real e verdadeiramente será que conseguimos relacionar o que aconteceria se nossa vida profissional se extinguisse? A quem faremos falta?
Vale a reflexão e a ação !
Boa semana e até a próxima.