Em 30 anos de profissão tenho visto muitos profissionais com um discurso bastante ‘atraente’ sobre suas expectativas de vida profissional. Muitas vezes encontramos pessoas altamente preparadas tecnicamente, com conhecimentos acadêmicos invejáveis incluindo domínio de mais de um idioma, mas fico impressionada como é comum o comportamento de aguardar que as coisas aconteçam, caiam do céu sem que esses indivíduos coloquem em prática o volume enorme de informação que possuem.
Via de regra, ao acompanharmos essas pessoas por algum tempo, vamos ouvir expressões que questionam a responsabilidade que o ambiente, a empresa, a chefia tem sobre o futuro que ele imagina ou imaginava ter. Em algumas pesquisas que abordam o tema, chegamos ao incrível percentil de que 99% das pessoas tem esse perfil, ou seja, aguardam as coisas acontecerem. Esse 1% restante corresponde aos indivíduos considerados talentos corporativos.
Em treinamentos, muitas vezes utilizamos alguns recursos de filmes ou textos que exemplificam melhor a teoria que estamos explanando. Há um filme lançado em 2010, que traz uma forte alusão ao que expus acima. O filme, que pertence à categoria de romance, a que me refiro chama-se “Cartas Para Julieta”. O filme conta o encontro romântico de duas pessoas após 50 anos. Esse encontro foi promovido pela resposta a uma carta respondida também 50 anos depois. A história é bonita e agradável de assistir, mas o que me chamou a atenção é o texto inicial dessa carta que dá nome ao filme e que a mim parece esclarecer totalmente o que acontece.
A carta inicia fazendo referência a duas pequenas palavras: ‘E’ e ‘SE’. Diz o texto:
” ‘E’ e ‘SE’ são duas palavras tão inofensivas quanto qualquer palavra, mas coloque-as juntas, lado a lado, e elas tem o poder de nos assombrar pelo resto da nossa vida. “E se”… E se?… E se?…”.
Acredito realmente que a maioria desses profissionais aos quais me referi no início de nosso artigo de hoje, muito possivelmente estão vivenciando o que, ‘carinhosamente’ podemos chamar de ‘Síndrome do E SE’:
- E se eu fosse o dono da empresa?
- E se eu recebesse um aumento salarial de 100%?
- E se eu tivesse escolhido outra carreira?
- E se eu abrir um negócio próprio?
- E se …?
- E se …?
Esses questionamentos podem, com absoluta certeza, assombrar um profissional pelo resto de suas vidas, tornando o ato tão prazeroso de trabalhar, uma verdadeira tortura.
Quem sabe o que falte a esses profissionais é justamente entender que sem AÇÃO, qualquer INTENÇÃO será SEMPRE ILUSÃO.
E SE você investisse um tempo para refletir?
Boa semana e até a próxima.